A quem buscais?
“Porque, se alguém for pregar-vos outro
Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não
recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis” – 2ª
Coríntios 11:4.
Essa pergunta foi feita pelo próprio
Senhor Jesus Cristo na ocasião da sua prisão. O texto bíblico declara que “Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que
sobre ele haviam de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A quem buscais?” – João
18:4.
A pergunta de Jesus continua a saltar
diante de nossos ouvidos e nos pergunta nesta noite: “A quem buscais?” Muitos são os que buscam a Jesus pelos mais
variados motivos e intenções.
Judas buscou ocasião para trair Jesus
que lhe disse: “Amigo, a que vieste?” – Mateus
26:50. Os religiosos do seu tempo, fariseus, saduceus e os principais do povo
buscaram ocasião para tentarem Jesus lhes pedindo um sinal dos céus. O Senhor
Jesus respondeu-lhes: “Uma geração má e
adúltera pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal do profeta
Jonas. E, deixando-os, retirou-se” – Mateus 16:4.
Quando Jesus ressuscitou Lázaro os
religiosos buscaram ocasião para matá-lo: “Depois
os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam: Que
faremos? porquanto este homem faz muitos sinais... Desde aquele dia, pois,
consultavam-se para o matarem” – João 11:47, 53.
É fato que uma grande multidão buscava
a Jesus para saciar suas vidas de bênção materiais a fim de serem supridos
nesta vida ignorando a salvação da alma que é o centro do ministério de Jesus.
A esses Jesus disse: “Na verdade, na
verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque
comestes do pão e vos saciastes” – João 6:26.
Mas há aqueles que buscaram a Jesus
com sinceridade e com os motivos e intenções corretas. “Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?
Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as
palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivente” – João 6:67-68.
E vocês, a quem buscais? Vale a pena
refletir nessa pergunta. Antes de prosseguirmos há ainda mais uma reflexão que
devemos fazer. O coração humano é enganado pelos próprios desejos e deleites
desse mundo e homens dissolutos e reprovados por Deus tem se aproveitado
disseminando falsos ensinos e fazendo negócio de vós.
Em 2ª Coríntios 11:1-4, Paulo expressa
o seu zelo, o seu cuidado e a sua preocupação não só com a Igreja de Corinto,
mas com todas as igrejas. Paulo anseia que eles permaneçam fiéis a Cristo.
Paulo faz comparações dos falsos
apóstolos que se introduzem na igreja de Corinto com a serpente que enganou Eva
com astúcia, distorcendo a Palavra de Deus.
Quando lemos 2ª Coríntios 11:1-4 temos
a impressão que Paulo está escrevendo para hoje! De sorte que as suas
preocupações com a Igreja de Corinto devem ser as nossas preocupações pastorais
hoje.
O que tem sido
proclamado em nossos dias?
1. Outro Jesus – “Porque, se alguém
for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado”... 2ª Coríntios 11:4a.
Hoje, na tentativa de atrair pessoas
para igreja, tem-se proclamado outro Jesus.
Algumas Igrejas proclamam Jesus Triunfalista. O
Jesus dos milagres, das maravilhas e das coisas espetaculares. O Jesus apenas
de glória e poder; que transforma homens em super homens, que transforma
crentes em super crentes, que muda a tua vida e te transforma em um ser imune
às dores, aos sofrimentos e às tragédias da vida.
Outras proclamam o Jesus Curandeiro. Amados,
Jesus cura, mas curar não foi o centro do seu ministério, não foi a razão
primordial de sua vinda, não foi o tema central da sua pregação. Suas curas
atraíam pessoas de todas as partes. Porém, ele não fazia “estardalhaços”, não fazia propagandas para atrair um público desejoso
por sinais, não fazia delas “estratégia
de marketing”.
Em nossos dias, pessoas têm sido
atraídas por causa de uma “propaganda
barata” do Jesus curandeiro. Pessoas têm vindo a Jesus meramente em busca
de uma libertação dos males do corpo.
Há os que proclamam Jesus Papai Noel. O
bom velhinho sempre pronto a dar e a presentear. Essa concepção de Jesus tem
gerado crentes sempre dispostos a receberem e a serem servidos, mas poucos
dispostos a darem e a servirem.
Existem igrejas que proclamam o Jesus Banco
Central, o solucionador dos problemas financeiros. São atraídos às igrejas deste
tipo desde o cidadão mais simples ao empresário “quebrado”, à beira da falência.
E a pergunta que se deve fazer é: onde foi parar o Jesus da Bíblia? Qual o
destino do Jesus crucificado? …do Cristo da Cruz?…do Jesus humilhado,
perseguido e sofredor?
Precisamos trazer de volta para a
Igreja, para os nossos púlpitos, para as nossas pregações o Cristo crucificado.
As pessoas precisam ser atraídas não
pelo Jesus triunfalista das maravilhas espetaculares, não pelo Jesus curandeiro
que te livra dos sofrimentos, consequências do pecado, não pelo Jesus papai
Noel que você dá e recebe em dobro, não pelo Jesus Banco Central que acerta a
tua vida financeira, mas, pelo Jesus crucificado, o poder de Deus para a
salvação.
As pessoas precisam ser atraídas pela
convicção de pecado, de condenação eterna, de necessidade de arrependimento, de
necessidade de abandono de pecado, e por entender que a salvação é nos
concedida, não por um outro Jesus, mas pelo crucificado.
Cabe salientar a pergunta: A quem
buscais? Amigo, a que vieste? Em 1ª Coríntios 2:2 Paulo disse: “Porque nada me propus saber entre vós,
senão a Jesus Cristo, e este crucificado”.
O que tem sido
proclamado em nossos dias?
2. Outro Espírito – “ou se recebeis
outro espírito que não recebestes”... 2ª
Coríntios 11:4b.
Quando os Coríntios aceitaram Cristo
mediante a pregação de Paulo, Deus lhes deu o Espírito Santo. Mas, agora,
falsos apóstolos estavam introduzindo e fomentando na igreja outro espírito.
Tem sido proclamado um Espírito arrogante. Um
espírito que menospreza os demais e se acha o tal, o super espiritual, o
portador de uma espiritualidade elevada.
Alguns proclamam um Espírito de vanglória.
Um espírito que leva pessoas a se gabarem por dons que já cessaram e de
realizações com sinais e prodígios de mentira feitos e atribuídos ao Espírito
Santo.
É proclamado ainda um Espírito de
rebeldia, que causa divisões, facções e discórdia e partidarismo no meio da
igreja, como ocorre em Corinto quando dizem, eu sou de Paulo, outro diz, eu sou
de Apolo.
Ocorre ainda propagação de um Espírito
escravizador que leva alguns a exercerem domínio sobre outros pelo medo do que
lhes poderá acontecer se não prestar obediência irrestrita.
À semelhança de Corinto, quantas
igrejas hoje não têm abraçado outro espírito? Se o espírito que supostamente
atua em nós produz arrogância, rebeldia, discórdia, vanglória e escraviza as
pessoas, precisamos avaliar que espírito é esse!
O Espírito de Deus gera humildade,
submissão, unidade, amor, paz, harmonia, serviço mútuo e liberdade, poder para
testemunhar, comunhão e preocupação com o necessitado.
O apóstolo Paulo fala aos Gálatas: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” – Gálatas
5:22.
O Espírito Santo nos é dado no momento
em que recebemos a Jesus, o Espírito que convence do pecado, e da justiça e do
juízo – João 16:8. O Espírito que habita no crente, que ensina coisas
espirituais, que nos faz lembrar a Palavra da Verdade, que nos capacita, que
leva as nossas orações em gemidos como está escrito: “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque
não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede
por nós com gemidos inexprimíveis” – Romanos 8:26.
Nesse texto, Paulo, se mostra
preocupado porque a igreja estava abandonando o Espírito de Deus e aceitando
outro espírito.
Portanto, mais uma vez eu pergunto: A quem
buscais? Amigo, a que vieste?
O que tem sido
proclamado em nossos dias?
3. Outro Evangelho – “ou outro
evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis”... 2ª Coríntios 11:4c.
O evangelho apresentado por Paulo em
Corinto era o evangelho da graça, do arrependimento do pecado, da cruz, do
compromisso abnegado com o Cristo. Mas, os Coríntios estavam abraçando uma nova
visão do evangelho, outro evangelho.
Parece a igreja no século XXI. O que
preocupava naquela época é a mesma coisa que preocupa, que incomoda os pastores
zelosos dos nossos dias.
Tem sido propagado um evangelho
barato, acessível e que serve aos propósitos de quem o adquire. Nesse
evangelho, o pecador não é tratado como pecador, mas como cliente. E, se o
pecador é cliente, todo cuidado é pouco. Afinal, o cliente é quem manda! É
preciso tratá-lo com jeito, para não afugentá-lo nem contrariá-lo. Se o pecador
é cliente, seu compromisso maior é financeiro. Sua relação com Deus não passa
de uma relação monetária. O pecador cliente precisa apenas investir. E esse seu
investimento tem retorno garantido.
Muitos têm recebido o evangelho sem a
graça. Nesse evangelho, se alguém quiser conseguir algo de Deus, é preciso
pagar um preço. Quem quiser alcançar bênçãos precisa pagar por elas. Quem
quiser conseguir a salvação, faça por onde, pague para receber em dobro. E se a
conseguiu, cuidado para não perdê-la. Esse é o evangelho sem a graça.
Outros propagam o evangelho da
libertinagem. Esse é o evangelho sem disciplina, sem restrições
comportamentais, onde é “proibido proibir”, onde o relacionamento amigável com
o pecado é aceitável. Onde se diz “todas
as coisas me são lícitas” e ponto final. Esse é o evangelho que transforma
em libertinagem a graça de Deus e nega o senhorio de Cristo.
Conclusão
“Porque, se alguém for
pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito
que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis” – 2ª Coríntios 11:4.
Aqueles que propagam e aqueles que
recebem outro Jesus, outro Espírito e outro Evangelho, segundo o que está
escrito “com razão o sofrereis”.
Pare e preste atenção! A quem buscais?
Amigo, a que vieste?
O Jesus Cristo que apresentamos é o
crucificado, que é loucura para os que perecem, mas é o poder de Deus para salvação
daqueles que creem. O Espírito que recebemos é o Espirito de Deus que nos é
dado no momento em que recebemos a Jesus, que convence do pecado, e da justiça
e do juízo, que habita no crente, que ensina coisas espirituais, que nos faz
lembrar a Palavra da Verdade, que nos capacita. O Evangelho que ensinamos é o
Evangelho da Graça de Deus que diz: “Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie” – Efésios 2:8-9.
Paulo não se calou diante da
introdução e fomentação de outro Jesus, outro espírito e de outro evangelho
dentro da igreja de Corinto. Precisamos zelar pela igreja “com zelo de Deus” e não permitirmos, não aceitarmos e nem nos
calarmos diante da atual pregação de outro Jesus, de outro espírito e de outro
evangelho.
Pr. Renato