domingo, 29 de abril de 2012

A quem buscais?


A quem buscais?

“Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis” – 2ª Coríntios 11:4.
Essa pergunta foi feita pelo próprio Senhor Jesus Cristo na ocasião da sua prisão. O texto bíblico declara que “Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A quem buscais?” – João 18:4.
A pergunta de Jesus continua a saltar diante de nossos ouvidos e nos pergunta nesta noite: “A quem buscais?” Muitos são os que buscam a Jesus pelos mais variados motivos e intenções.
Judas buscou ocasião para trair Jesus que lhe disse: “Amigo, a que vieste?” – Mateus 26:50. Os religiosos do seu tempo, fariseus, saduceus e os principais do povo buscaram ocasião para tentarem Jesus lhes pedindo um sinal dos céus. O Senhor Jesus respondeu-lhes: “Uma geração má e adúltera pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal do profeta Jonas. E, deixando-os, retirou-se” – Mateus 16:4. 
Quando Jesus ressuscitou Lázaro os religiosos buscaram ocasião para matá-lo: “Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam: Que faremos? porquanto este homem faz muitos sinais... Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem” – João 11:47, 53.
É fato que uma grande multidão buscava a Jesus para saciar suas vidas de bênção materiais a fim de serem supridos nesta vida ignorando a salvação da alma que é o centro do ministério de Jesus. A esses Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes” – João 6:26.
Mas há aqueles que buscaram a Jesus com sinceridade e com os motivos e intenções corretas. “Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente” ­– João 6:67-68.
E vocês, a quem buscais? Vale a pena refletir nessa pergunta. Antes de prosseguirmos há ainda mais uma reflexão que devemos fazer. O coração humano é enganado pelos próprios desejos e deleites desse mundo e homens dissolutos e reprovados por Deus tem se aproveitado disseminando falsos ensinos e fazendo negócio de vós.
Em 2ª Coríntios 11:1-4, Paulo expressa o seu zelo, o seu cuidado e a sua preocupação não só com a Igreja de Corinto, mas com todas as igrejas. Paulo anseia que eles permaneçam fiéis a Cristo.
Paulo faz comparações dos falsos apóstolos que se introduzem na igreja de Corinto com a serpente que enganou Eva com astúcia, distorcendo a Palavra de Deus.
Quando lemos 2ª Coríntios 11:1-4 temos a impressão que Paulo está escrevendo para hoje! De sorte que as suas preocupações com a Igreja de Corinto devem ser as nossas preocupações pastorais hoje.
O que tem sido proclamado em nossos dias?
1. Outro Jesus – “Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado”... 2ª Coríntios 11:4a.
Hoje, na tentativa de atrair pessoas para igreja, tem-se proclamado outro Jesus.
 Algumas Igrejas proclamam Jesus Triunfalista. O Jesus dos milagres, das maravilhas e das coisas espetaculares. O Jesus apenas de glória e poder; que transforma homens em super homens, que transforma crentes em super crentes, que muda a tua vida e te transforma em um ser imune às dores, aos sofrimentos e às tragédias da vida.
 Outras proclamam o Jesus Curandeiro. Amados, Jesus cura, mas curar não foi o centro do seu ministério, não foi a razão primordial de sua vinda, não foi o tema central da sua pregação. Suas curas atraíam pessoas de todas as partes. Porém, ele não fazia “estardalhaços”, não fazia propagandas para atrair um público desejoso por sinais, não fazia delas “estratégia de marketing”.
Em nossos dias, pessoas têm sido atraídas por causa de uma “propaganda barata” do Jesus curandeiro. Pessoas têm vindo a Jesus meramente em busca de uma libertação dos males do corpo.
Há os que proclamam Jesus Papai Noel. O bom velhinho sempre pronto a dar e a presentear. Essa concepção de Jesus tem gerado crentes sempre dispostos a receberem e a serem servidos, mas poucos dispostos a darem e a servirem.
 Existem igrejas que proclamam o Jesus Banco Central, o solucionador dos problemas financeiros. São atraídos às igrejas deste tipo desde o cidadão mais simples ao empresário “quebrado”, à beira da falência.
E a pergunta que se deve fazer é: onde foi parar o Jesus da Bíblia? Qual o destino do Jesus crucificado? …do Cristo da Cruz?…do Jesus humilhado, perseguido e sofredor?
Precisamos trazer de volta para a Igreja, para os nossos púlpitos, para as nossas pregações o Cristo crucificado.
As pessoas precisam ser atraídas não pelo Jesus triunfalista das maravilhas espetaculares, não pelo Jesus curandeiro que te livra dos sofrimentos, consequências do pecado, não pelo Jesus papai Noel que você dá e recebe em dobro, não pelo Jesus Banco Central que acerta a tua vida financeira, mas, pelo Jesus crucificado, o poder de Deus para a salvação.
As pessoas precisam ser atraídas pela convicção de pecado, de condenação eterna, de necessidade de arrependimento, de necessidade de abandono de pecado, e por entender que a salvação é nos concedida, não por um outro Jesus, mas pelo crucificado.
Cabe salientar a pergunta: A quem buscais? Amigo, a que vieste? Em 1ª Coríntios 2:2 Paulo disse: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”.
O que tem sido proclamado em nossos dias?
2. Outro Espírito – “ou se recebeis outro espírito que não recebestes”... 2ª Coríntios 11:4b.
Quando os Coríntios aceitaram Cristo mediante a pregação de Paulo, Deus lhes deu o Espírito Santo. Mas, agora, falsos apóstolos estavam introduzindo e fomentando na igreja outro espírito.
 Tem sido proclamado um Espírito arrogante. Um espírito que menospreza os demais e se acha o tal, o super espiritual, o portador de uma espiritualidade elevada.
Alguns proclamam um Espírito de vanglória. Um espírito que leva pessoas a se gabarem por dons que já cessaram e de realizações com sinais e prodígios de mentira feitos e atribuídos ao Espírito Santo.
É proclamado ainda um Espírito de rebeldia, que causa divisões, facções e discórdia e partidarismo no meio da igreja, como ocorre em Corinto quando dizem, eu sou de Paulo, outro diz, eu sou de Apolo.
Ocorre ainda propagação de um Espírito escravizador que leva alguns a exercerem domínio sobre outros pelo medo do que lhes poderá acontecer se não prestar obediência irrestrita.
À semelhança de Corinto, quantas igrejas hoje não têm abraçado outro espírito? Se o espírito que supostamente atua em nós produz arrogância, rebeldia, discórdia, vanglória e escraviza as pessoas, precisamos avaliar que espírito é esse!
O Espírito de Deus gera humildade, submissão, unidade, amor, paz, harmonia, serviço mútuo e liberdade, poder para testemunhar, comunhão e preocupação com o necessitado.
O apóstolo Paulo fala aos Gálatas: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” – Gálatas 5:22.
O Espírito Santo nos é dado no momento em que recebemos a Jesus, o Espírito que convence do pecado, e da justiça e do juízo – João 16:8. O Espírito que habita no crente, que ensina coisas espirituais, que nos faz lembrar a Palavra da Verdade, que nos capacita, que leva as nossas orações em gemidos como está escrito: “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” – Romanos 8:26.
Nesse texto, Paulo, se mostra preocupado porque a igreja estava abandonando o Espírito de Deus e aceitando outro espírito.
Portanto, mais uma vez eu pergunto: A quem buscais? Amigo, a que vieste?
O que tem sido proclamado em nossos dias?
3. Outro Evangelho – “ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis”... 2ª Coríntios 11:4c.
O evangelho apresentado por Paulo em Corinto era o evangelho da graça, do arrependimento do pecado, da cruz, do compromisso abnegado com o Cristo. Mas, os Coríntios estavam abraçando uma nova visão do evangelho, outro evangelho.
Parece a igreja no século XXI. O que preocupava naquela época é a mesma coisa que preocupa, que incomoda os pastores zelosos dos nossos dias.
Tem sido propagado um evangelho barato, acessível e que serve aos propósitos de quem o adquire. Nesse evangelho, o pecador não é tratado como pecador, mas como cliente. E, se o pecador é cliente, todo cuidado é pouco. Afinal, o cliente é quem manda! É preciso tratá-lo com jeito, para não afugentá-lo nem contrariá-lo. Se o pecador é cliente, seu compromisso maior é financeiro. Sua relação com Deus não passa de uma relação monetária. O pecador cliente precisa apenas investir. E esse seu investimento tem retorno garantido.
Muitos têm recebido o evangelho sem a graça. Nesse evangelho, se alguém quiser conseguir algo de Deus, é preciso pagar um preço. Quem quiser alcançar bênçãos precisa pagar por elas. Quem quiser conseguir a salvação, faça por onde, pague para receber em dobro. E se a conseguiu, cuidado para não perdê-la. Esse é o evangelho sem a graça.
Outros propagam o evangelho da libertinagem. Esse é o evangelho sem disciplina, sem restrições comportamentais, onde é “proibido proibir”, onde o relacionamento amigável com o pecado é aceitável. Onde se diz “todas as coisas me são lícitas” e ponto final. Esse é o evangelho que transforma em libertinagem a graça de Deus e nega o senhorio de Cristo.
Conclusão
“Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis” – 2ª Coríntios 11:4.
Aqueles que propagam e aqueles que recebem outro Jesus, outro Espírito e outro Evangelho, segundo o que está escrito “com razão o sofrereis”.
Pare e preste atenção! A quem buscais? Amigo, a que vieste?
O Jesus Cristo que apresentamos é o crucificado, que é loucura para os que perecem, mas é o poder de Deus para salvação daqueles que creem. O Espírito que recebemos é o Espirito de Deus que nos é dado no momento em que recebemos a Jesus, que convence do pecado, e da justiça e do juízo, que habita no crente, que ensina coisas espirituais, que nos faz lembrar a Palavra da Verdade, que nos capacita. O Evangelho que ensinamos é o Evangelho da Graça de Deus que diz: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” – Efésios 2:8-9.
Paulo não se calou diante da introdução e fomentação de outro Jesus, outro espírito e de outro evangelho dentro da igreja de Corinto. Precisamos zelar pela igreja “com zelo de Deus” e não permitirmos, não aceitarmos e nem nos calarmos diante da atual pregação de outro Jesus, de outro espírito e de outro evangelho.
Pr. Renato

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